domingo, 17 de agosto de 2014

O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO

Elenco: Mauricio Do Valle, Othon Bastos, Odete Lara, Jofre Soares, Lorival Pariz, Jofre Soares. Direção de Glauber Rocha. Ano: 1969.

 (eu falei que iria escrever matérias, mas assistindo esse filme, que foi um verdadeiro desafio, tive que abrir um exceção especial para essa produção, de um cineasta que é tido como importante para a Bahia e para o cinema brasileiro, mas que essa sua película me fez deixar confuso a isso)


Decidindo quebrar todos os conceitos da influência hollywoodiana, que ifluênciavam a a Vera Cruz, um grupo de jovens decidiu fazer um cinema que tivesse sua própria " identidade cultural " e que " mostrasse a realidade do povo " fundando assim o Cinema Novo, graças a isso, por anos no Brasil o críticos enchiam a bola desses cineastas enquanto condenavam à forca, toda e qualquer produção que tivesse o propósito de divertir o público, ouvia maravilhas sobre o cineasta Galuber Rocha nascido no interior daqui da Bahia, em Juazeiro, é elogiado até por Martin Scorcese, mas assistindo O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, passei a questionar a sua genialidade, e vocês verão o porque após a sinopse.

Antonio Das Mortes (Do Valle) achava que Corisco era o último cangaçeiro que havia matado, mas eis que surge Coirana (Pariz) se dizendo a " Reencarnação de Lampião " o homem cumpre a sua missão, mas começa a entrar em uma crise existencial quando começa a questionar-se sobre a sua profissão de Matador de Cangaceiros.

Os atores estão bem na interpretação, embora em alguns pontos pareçam que estão num teatrinho de segundo grau, Glauber é um diretor muito bom e a trilha-sonora é excelente, tudo para ser um filme ótimo de se acompanhar, mas o que há de errado então? pra começar vi tudo ao contrário do que críticos e cinéfilos afirmavam e até condenavam por quem não gostou ou ousou fazer uma analise falando dos defeitos, quase nenhum personagem tem profundidade dramatica, parece somente meras peças para os delírios de Glauber, somente Antonio das Mortes tem a situação bem definida, já que vimos em centenas de Westerns em que o personagem não consegue se adaptar a chegada do progresso no velho-oeste, a mesma coisa acontece aqui: o protagonista é do tempo dos coronéis e dos cangaçeiros e que agora ficava sem utilidade nesse novo tempo em que a arma não é mais a lei no novo sertão, além de ficar perdido no asfalto entre os caminhões e os carros, assim como no fim do século XIX nos faroestes, além da figura do coronel Horácio, interpretado pelo veterano Joffre Soares, que cego, é a figura que representa o patriarquismo e o poder dos latifundiários cegos pelo poder, fora isso, não entendi as motivações de Laura, vivida por Odete Lara e nem de Mattos (Carvana), o personagem de Othon Bastos, que poderia muito bem ser a consciência de Glauber no filme, passa o filme inteiro embriagado e falando frases desconexas, enquanto o cangaçeiro Coirana poderia ser muito bem uma espécie de denúncia das maldades dos coronéis, já que Lampião havia se tornado criminoso depois que seus pais foram assassinados pela polícia a mando deles, outros também que não consegui entender foram os personagens místicos, Barbara a Santa (Rosa Maria Penna) e Antão, O anjo Negro (Mario Gusmão) ou seja: o filme não traz questionamento nenhum sobre a desigualdade social e como tentativa de ser filme filosófico falha miseravelmente, um monte de experimentalismo que a gente não sabe até que ponto é fruto da cabeça dos personagens ou se realmente aquilo está realmente acontecendo, é quando lá pra metade você desiste de entender alguma coisa e só espera pelo tiroteio no fim do filme e quando os créditos começam a rolar é mais fácil você se perguntar: "tá, e dai? " mas tem a questão da desiigualdade no filme e talvez eu não tenha " sensibilidade social " como já falei o filme não  questiona nada, eu passei a maior parte do tempo tentando decifrar mais as loucuras do roteiro do que pensar os problemas que existem até hoje na minha região do país, sem contar que podemos dizer que Glauber é um hipócrita também, já que vivia dizendo que copiar o modelo do " cinema imperialista americano " era errado, mas tanto em Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) quanto este aqui, trás elementos de Western, o gênero mais americano de todos os tempos, e que cinema é esse de " identidade própria " é esse que vive copiando a Nouvelle Vagge e o Neorealismo Italiano? (não vi nenhum filme desses dois movimentos, mas os admiradores dizem que o Cinema Novo tem influência deles) pode ter até realmente algumas coisas aqui e ali, como a Literatura de Cordel e a trilha-sonora baseada nas canções sertanejas, mas fora isso, não vi nada demais cuturalmente falando,   taí um filme em que não tem pé nem cabeça e que dificilmente eu vou ver de novo, prefiro ver o cinema da Vera Cruz, Atlântida e Boca do Lixo, ai sim considero um cinema de identidade cultural que o povão da década de 50 até começo do 80 enchiam as salas pra assistir, e vou raramente ver um filme do Cinema Novo.

P.S: Não duvido nada que venha algum fã do Glauber me xingar todo nos comentários.

2 comentários:

Anônimo disse...


Não irei lhe xingar, até porque não é do meu feito. Peço apenas que assista estes vídeos e, em seguida, reveja "Antônio das Mortes".

https://www.youtube.com/watch?v=Lw4eT1vhrcw


https://www.youtube.com/watch?v=3VGCfUm88IE

Artur Alves disse...

eu já vi esse depoimento do Scorsese em um documentário na TVE, e cara na moral, não tenho um pingo de coragem de re-ver O Dragão... pelo que eu já citei na resenha em questão, e não será o Martinho que vai me convencer novamente.